Thursday 23 August 2007

A revolução jatrofiana

Qualquer coisa esta muito bem ou muito mal com Jatrofa. Mas a verdade é que ninguém me quer dizer o que é. Você ainda não sabe o que é jatrofa? Ainda não lhe contaram? Eu explico mais tarde. Mas por agora…

Porquê as minhas suspeitas? Ora bem, se todos estamos lembrados viemos há anos chorando que é preciso desenvolver a nossa agricultura, que temos que produzir Moçambicano para comer (e beber) Moçambicano. Só que parece que em relação a nossa agricultura nem agua vem…nem agua vai. Continuamos importando alho, tomate, batata, cebola…creio que ate amendoim.

Ninguém vai dizer que e falta de vontade política. Não acredito, porque no mínimo os políticos mostraram vontade de mostrar vontade …isso mesmo, mostrar vontade de mostrar vontade não quer dizer ter vontade. É aparentar vontade de…querer fazer alguma coisa. Uma espécie de por areia na cara dos já menos atentos, de forma que só oiçam “estamos fazendo, falta pouco”. Mas quando você consegue sacudir a areia (se conseguir) e ficar um pouco atento, você repara que nada ta feito. Nem se quer começaram.

É isso que esta acontecendo com a nossa Agricultura. Alguém milagrosamente inventou a teoria da REVOLUÇÃO VERDE. Ao que percebi, essa revolução verde tem a ver com o desenvolvimento da agricultura, retransforma-la no elemento fundamental da nossa subsistência. Só que se você reparar, REVOLUÇÃO VERDE já mereceu Conselho de Ministros, discussão (FDC…..e outros) em seminários, mas…..mas uké??? Mas a nossa agricultura num ta dando nada pá!!! Desculpe, minto nossa Agricultura ta dando JATROPHA.

No mínimo este Governo conseguiu alguma coisa. O Governo conseguiu mobilizar pelo menos 12 instituições estrangeiras para trabalhar no plantio da JATROFA (Notícias, 13 de Março de 2007). Energem Resources vai investir 5,5 milhões de dólares para plantar JATROFA em 6 mil hectares e vai adquirir mais 60 mil hectares. ESV BioÁfrica, em Inhambane, que tem plantado 1000 hectares de JATROFA e querem plantar outros 10.000 hectares. Pena que cerca de 0.25 hectares de cultura de JATROFA secaram devido a constante avaria da única motobomba que irriga 12 hectares de culturas diversas, uma das quais de produção de JATROFA (O PAÍS - 17.04.2007). Mas em Mecúburi-sede a situação ja e melhor porque 10.5 hectares de JATROFA foram cultivados, e outros 4.5 hectares forma cultivados nos postos administrativos de Muíte e Namina, província de Nampula (WAMPHULA FAX - 17.04.2007).

Todos estes feitos, sem duvida que tem foram em grande medida graças a campanha para a produção de bio - combustíveis, lançada pelo Presidente da República Armando Guebuza, na sua presidência aberta pelo País, na qual deu orientações às províncias no sentido de se promover o plantío da Jatropha.(MEDIA FAX – 12.07.2007). E as províncias estão promovendo, só que…COMIDA NADA, só JATROFA. Quer dizer, exportamos Jatrofa e seus derivados em jeito de matéria-prima, e depois importamos comida. Quer dizer entretemo-nos com pipocas....

Tendo em consideração que União Europeia terá de garantir uma percentagem de 16% de biocombustíveis no consumo total de combustíveis rodoviários, se quiser cumprir a meta de redução de 10% das emissões de dióxido de carbono até 2020 mas, e que é altamente deficitária nas matéria-primas usadas no biocombustível, tendo que recorrer à importação maciça de óleos, então temos mercado.

Dai que para que a produção de Jatrofa tenha recebido tanto tratamento VIP e a produção de alimentos relegada ao tratamento “povano”, só me faz pensar que qualquer coisa esta muito bem (para uns) ou muito mal (para outros) com Jatropha. Mais uma coisa e certa, ganhar nem todos vamos ganhar, mas também perder nem todos vamos perder. O problema e que por experiência, só uma pequena minoria sairá a ganhar com este “business” enquanto a minoria continuara de barriga grande, vazia e mão estendida.

2 comments:

Aguiar said...

o oleo de jatrofa é directamente utlizado nos motores diesel. Assim esta plantinha transformou-se no novo ouro negro. é natural que a industria de desenvolvimento estimule a sua produçao.

Entretanto penso que tal incentivo, por si so, nao é um problema pois a cultura bem conduzida pode ser uma fonte de divisas. A questao é de saber como é que estas divisas vao ser depois redistribuidas no pais. Servirao, por exemplo, para incentivar a produçao de culturas alimentares?

mozinovador said...

Optima pergunta..que eu tambem tinha em mente quando.

Ok, vendemos Jatrofa..angariamos divisas, depois dividimos as divisas...seria optimo. Mas infelizmente como digo no fim, O problema e que por experiência, só uma pequena minoria sairá a ganhar com este “business” enquanto a minoria continuara de barriga grande, vazia e mão estendida.